segunda-feira, 7 de setembro de 2009

CMF aposta na selecção de “orgânicos” (Funchal)

A produção de lixo no Funchal está a descer sendo que há cada vez mais gente a separar os resíduos. Como consequência, a taxa de reciclagem está a aumentar, sendo actualmente de 23,47 por cento





A Câmara Municipal do Funchal tem um grande objectivo o próximo mandato sendo que o vereador responsável pelo pelouro do Ambiente diz mesmo que esta será a grande aposta e um grande investimento na área. A edilidade vai alargar o circuito piloto de recolha de resíduos orgânicos que está a acontecer na freguesia do Imaculado Coração de Maria, a todas as freguesias do concelho.
Em entrevista concedida ao JORNAL da MADEIRA, o vereador com a tutela do Ambiente na Autarquia do concelho que mais lixo produz na Região, explica que a produção de resíduos orgânicos (tudo o que é susceptível de fermentação, como restos de alimentos, de vegetais ou de animais) é para avançar já no próximo ano.
Num estudo de caracterização que o Departamento do Ambiente daquela Autarquia tem vindo a fazer ao lixo produzido no Funchal, verificou-se que 47 por cento corresponde a resíduos orgânicos.
Ou seja, são lixos fermentáveis. «Isto é quase metade do lixo produzido. E se já estamos a recolher, selectivamente, o restante lixo, isto atingiria valores muito bons», defende o vereador com a tutela do Ambiente na Autarquia do Funchal.
Assim, nos próximos quatro anos, e isto é claro se esta equipa ganhar as eleições de 11 de Outubro, a Câmara do Funchal vai «apostar fortemente nesta área».
Um investimento que já se realiza no Imaculado Coração de Maria e nas unidades hoteleiras do Funchal e que tem tido um resultado muito bom.
Tendo em conta que o resíduo orgânico é fermentável e entra em putrefacção rapidamente, a Câmara Municipal do Funchal vai precisar de fazer novos investimentos num sistema de recolha diferente.
«Vamos precisar de viaturas apropriadas. Vamos adquirir duas viaturas com caixa-tanque que vai obrigar algum investimento», admite Henrique Costa Neves.
Neste momento, já existem duas viaturas, sendo que a aposta será duplicar. «Temos de adquirir pelo menos duas viaturas de médio porte para irmos aos arruamentos pequenos»,refere.

Limitações não aceleram

O vereador queria que a recolha avançasse, em todo o concelho, já no próximo ano, mas sublinha que o sistema de compostagem da Estação da Meia Serra tem limitações que não permitem receber todo o tipo de resíduos orgânicos.
«Parece-me que só podem receber resíduos de origem vegetal, o que é uma limitação séria», afirma o vereador do Ambiente na edilidade funchalense.
Aliás, aquele responsável diz esperar que esta limitação seja ultrapassada a breve prazo porque «sem isso, não conseguimos implementar o sistema a 100 por cento».
«Tenho fortes esperanças que o sistema de compostagem seja rectificado na Meia Serra», defende o vereador.
Entretanto, «vamos avançado, sendo que a nossa meta é, em final de 2011, ter o Funchal coberto com sistema de recolha selectiva de orgânicos porta-a-porta». Aí « vamos ter um aumento bastante grande da taxa de reciclagem porque compostagem é reciclagem, explica».
Actualmente, este tipo de recolha de lixo orgânico está a obrigar a dois serviços por semana (à terça e à sexta-feira). A adesão «tem sido gradual».

Produção total de lixo está a descer

A produção de lixo total no concelho do Funchal tem vindo a reduzir desde 2006.
O vereador Henrique Costa Neves diz que, naquele ano, atingiu-se a produção de 84 mil toneladas. Em 2008, a produção ficou-se pelos 79 mil.
No entender deste vereador na Câmara Municipal do Funchal, estes números representam o abrandamento no consumismo.
A população residente no Funchal está estável ou até apresenta um ligeiro aumento. Por outro lado, o facto de a produção de lixo total estar a ser em menos quantidade, é bastante positivo.
Por outro lado, tem vindo também a aumentar, o que é positivo, a separação dos lixos recicláveis.
Henrique Costa Neves reconhece que há uma maior sensibilização das pessoas para esta prática. A edilidade «tem vindo a pôr no terreno algumas medidas no que se refere à recolha selectiva que têm sido muito importantes, nomeadamente a recolha selectiva porta-a-porta».
Actualmente, todo o concelho está coberto pela recolha porta-a-porta dos principais resíduos recicláveis, conforme nos garante o vereador Henrique Costa Neves.
Apesar da produção de lixo estar a descer, o Funchal continua a ter uma produção de lixo per capita bastante elevada.
Henrique Costa Neves pensa que esta situação tem a ver com duas questões: primeiro por ser uma Região turística, o que faz com que haja muita produção de lixo; segundo tem a ver com o facto de sermos uma ilha e termos de importar tudo ou quase tudo.Assim, em 2006, tivemos o pico da produção de lixo per capita no Funchal, com dois quilos e 200 gramas por pessoa. Em 2008, essa produção baixou para dois quilos e 100 gramas.
Ainda segundo dados fornecidos pela Câmara, a venda de recipientes para a separação dos lixos tem vindo a subir, sendo que em 2008, por exemplo, 564 para vidrão, 386 embalões 615 para papelão.

Um milhão e 600 mil euros de retorno pelo lixo

Em 2008, a Câmara Municipal do Funchal teve como retorno dos resíduos de reciclagem, enviados para a Sociedade Ponto Verde,à volta de um milhão e seiscentos mil euros. A produção total de resíduos recicláveis atingiu, nesse mesmo ano, as 18 mil e 598 toneladas, contra as 17 mil e 927 conseguidas em 2007.
No que toca à verba conseguida em consequência do envio de resíduos para a Sociedade Ponto Verde, no Continente, o vereador Henrique Costa Neves diz que «já é alguma coisa que dá para ajudar a cobrir os custos que a edilidade tem com a questão dos resíduos sólidos», considera Henrique Costa Neves.
O vereador diz que a postura dos funchalenses, ao separarem o lixo, não só está a contribuir para o Ambiente, mas também para poupar alguns dinheiros à edilidade funchalense.
«Ao separarem o lixo, os funchalenses estão a contribuir para que a Câmara mande menos lixo para a Meia, para incineração ou para aterro», refere o vereador do Ambiente o que faz poupar dinheiro, uma vez que o lixo para ali enviado é pago.
Por outro lado, quanto mais tonelagem de resíduos, o Município enviar para a Sociedade Ponto Verde, «mais dinheiro receberá em retorno», frisa o vereador.
Refira-se que em 2008, foram enviados para reciclagem 7 mil e 216 toneladas de papel e cartão. Foram enviadas ainda 4 mil e 364 toneladas de vidro e mil e 251 toneladas de embalagens.
Para compostagem na Meia Serra, foram enviadas 3 mil 790 toneladas.
A título comparativo, refira-se que em 2000 a quantidade de resíduos recicláveis recolhidos era de 9 mil e 673 toneladas (sendo quase 6 mil de cartão e pouco mais de 2 mil em vidro).
A partir de 2002, a recolha de pilhas passou a verificar-se, sendo que a quantidade, por ano, atinge as três toneladas.A recolha de pneus tem vindo também a aumentar, sendo que em 2008, foram conseguidas 213 toneladas.

Clean Up the World envolve seis bairros a 18 e 19 deste mês

O hábito de deitar lixo às ribeiras tem vindo a diminuir mas ainda assim, ainda há quem teime em fazer destas, contentor de resíduos. «Vai levar anos para este péssimo hábito esvanecer-se», afirma o vereador Henrique Costa Neves.
Em colaboração com o Governo, a Autarquia vai começar este mês com o desassoreamento das ribeiras do Funchal. Depois, há ainda a operação internacional Clean Up the World que vai decorrer a 18 e 19 de Setembro. Uma semana antes da iniciativa, vai realizar-se uma reunião de coordenação na Câmara Municipal do Funchal. Tanto no encontro de preparação como na campanha de limpeza, vão participar o Exército, os Bombeiros Voluntários e Municipais do Funchal, escuteiros, pessoal do departamento de Ambiente e de Saneamento Básico da edilidade, assim como a população de seis bairros sociais da Autarquia: Romeiras, Palheiro Ferreiro, Santo Amaro, Canto do Muro e Quinta Josefina.
A “Clean Up the World” tem uma função pedagógica muito importante, uma vez que «nos bairros sociais, existirão técnicos de educação ambiental que sensibilizarão as pessoas para a importância do ambiente e de não se atirar o lixo para as ribeiras.





Jornal da Madeira

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