quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Centro da Camacha vai ter profundas melhorias

Câmara Municipal de Santa Cruz disponibiliza maquete do projecto na Casa do Povo para que a população possa avaliar e apresentar sugestões







”O projecto de revitalização e dinamização do centro da Camacha é um projecto de certa forma ambicioso, que vai exigir algum investimento e, sobretudo, uma certa cautela na sua concretização, no sentido de manter a ruralidade daquela freguesia.
Esta mudança há muito que é desejada pelos camacheiros que anseiam ver esta “porta de entrada” com um novo ar, diferente e arranjada. A Câmara já avançou com uma maquete do projecto que pretende para o centro daquela freguesia, a qual encontra-se há já algum tempo exposta no hall de entrada da Casa do Povo local.
O projecto de revitalização contempla uma intervenção no Largo da Achada e arredores, com a dotação de infra-estruturas essenciais para a freguesia como sejam um auditório, um pavilhão multi-usos, um mercado e um parque de estacionamento.
Em entrevista ao JORNAL da MADEIRA, o presidente da Câmara Municipal de Santa Cruz, José Alberto Gonçalves espera que, com a divulgação da maquete, as pessoas “nos façam chegar ideias e sugestões porque isto é uma coisa dinâmica” e adverte para que “não fiquem à espera que os outros façam para depois criticar”.
Como camacheiro de gema que é, José Alberto Gonçalves tem um certo carinho pela Achada. “Eu tenho uma referência muito especial a este largo porque fui aluno da Escola Dom Álvares, da Capela e aquele largo era o nosso recreio”, recordou. “Lembro-me, quando jovem, de ver ali jogos com carácter oficial”, complementou.
Atendendo a que esta é a “sala de visita da freguesia”, o autarca tem consciência que “o que se faz na Camacha quase que não terá relevância se não se fizer uma intervenção no Largo da Achada”.

Concurso de ideias lançado em 2006

Em 2006, foi lançado um concurso de ideias para o Largo da Achada. Havia uma intervenção programada que se baseava muito em terrenos que não eram públicos, o que exigia expropriações.
Apesar de ser “interessante” era “inviável” e o júri considerou que nenhum desses projectos podia ser executado, explicou o autarca.
Para que o actual projecto avance, está a ser construída uma parceria público-privada, para fazer face aos custos elevados das obras, que passa pelo apoio de instituições bancárias ou apoios comunitários.
O financiamento para o auditório já foi garantido pelo presidente do Governo Regional, aquando a abertura do Festival de Arte Camachense.

Terreno para acolher várias infra-estruturas

A Câmara está em processo de aquisição de um terreno que fica entre o BANIF e a esquina do edifício à direita de quem entra no centro da freguesia, onde se encontra o estabelecimento “Flor da Achada”, prolongando-se até à Quinta Beam. O processo envolve uma parceria público-privada, que vai ser anunciada na devida altura, reiterou.
Nesta zona vão ser instalados os diversos equipamentos que já estão no compromisso de acção do Governo Regional para este mandato como seja o auditório, o mercado de produtos agrícolas e de artesanato.
Para o mercado serão privilegiados os produtores directos, que irão concorrer aos 20 espaços. A renda terá um valor simbólico, que poderá variar entre os 10 e os 12 euros, por mês. O contrato de arrendamento será anual.
Quanto ao auditório coberto, a sua localização está a ser devidamente estudada, de forma a responder às necessidades culturais da Camacha, onde existem diversos grupos. Recentemente, a Câmara reuniu com o secretário regional do Equipamento Social e responsáveis da DRAC e da SREC, para o efeito. José Alberto Gonçalves adiantou que houve, também, uma participação alargada dos agentes culturais da freguesia, que reuniram diversas vezes com a autarquia.
Uma das mais recentes hipóteses de localização, que está patente na maquete, aponta para a zona entre o BANIF e o edifício onde se encontra a “Flor da Achada”.
A Câmara pondera, também, remodelar o próprio piso do Largo, onde o objectivo é preservar as árvores embora algumas delas estejam com problemas de saúde.
Junto ao auditório deverá ser construído o pavilhão multi-usos, para actividades de lazer, que será dotado de um espaço comercial, paredes meias com o mercado e o parque de estacionamento coberto para veículos ligeiros e autocarros.
Este estacionamento vai ter entre 200 a 400 lugares. Há várias empresas interessadas em fazer o estudo da viabilidade económica do parque. José Alberto Gonçalves garante que o objectivo é ter preços acessíveis. O pavilhão vai ser posto a concurso desde a sua concepção, construção e exploração.

Trânsito deverá sofrer alterações

A dotação destas infra-estruturas no centro da vila deverá implicar uma reorganização do trânsito. José Alberto Gonçalves adianta que estão a ser ponderadas zonas de ciclovia onde as pessoas possam andar de bicicleta ou a pé.
O objectivo é nunca fechar o trânsito à volta do largo. Para tal, terá que ser prolongada a estrada que passa em frente à Quinta Beam e que irá sair junto ao BANIF. Quanto à actual ligação viária que circunda o Largo poderá manter-se com um piso diferenciado.
Nos dias normais em que não haja um movimento muito forte no Largo da Achada, e desde que haja eventos, haverá sempre a possibilidade de cortar a estrada para que as pessoas possam circular livremente.

Freguesia tem muita obra feita

O presidente da Câmara Municipal de Santa Cruz insurge-se contra algumas vozes críticas que afirmam que na Camacha pouco ou nada se tem feito. José Alberto recorda que “a Camacha foi objecto de muita intervenção nossa, que as pessoas às vezes em memória curta acabam por esquecer mas que nós vamos tentar recordar a seu tempo”. De acordo com o autarca, foram feitas intervenções relevantes para que as pessoas tivessem água em casa desde os Caboucos, a Ribeirinha, passando pelas zonas altas, Pico do Infante e Ribeira Grande.
Ao nível das acessibilidades, também, foram feitas intervenções com asfaltamentos desde o Largo da Achada, toda a estrada da Ribeirinha, passando pela estrada dos Casais de Além, Caminho da Achadinha, zona de confluência de trânsito acima da Igreja Velha perto da Segurança Social à requalificação dos próprios jardins, incluindo o do Largo da Achada e do Centro de Saúde.
“Não se fez ainda nada relevante no Largo da Achada mas fez-se o que é muito importante para as pessoas”, apontou.

Ascensão e folclore homenageados


A freguesia da Camacha é considerada a capital da cultura tradicional madeirense tendo em conta a diversidade de grupos que congregam dezenas de jovens. Uma das figuras emblemáticas que marca a história do folclore da Camacha é a bailarina Maria Ascensão que levou o nome da freguesia e da Madeira a diversas partes do mundo. Estas são razões mais do que suficientes para que a Câmara Municipal de Santa Cruz tenha decidido avançar com a ideia de erguer no Largo da Achada um busto/estátua a esta camacheira, em homenagem ao seu trabalho e ao folclore camachense. A autarquia já tem em posse alguns mini exemplares.

Aqui se jogou futebol pela 1.ª vez


O Largo da Achada está ligado ao desporto, onde todos os anos se realizam os Torneios de Verão, no velhinho ringue que a Câmara de Santa Cruz, também, pretende recupera. A autarquia pondera, também, avançar com um outro monumento que faça jus ao facto de ter sido no Largo da Achada que, em 1875 se jogou futebol pela primeira vez em Portugal, facto este que está comprovado.

Edifício histórico será recuperado

José Alberto Gonçalves salienta que a intervenção na Camacha não se resume, apenas, ao Largo da Achada mas, também, aos espaços comerciais circundantes. É o caso do edifício histórico que se encontra à direita de quem entra no centro da freguesia onde o objectivo é retirar-lhes os acrescentos que o descaracterizam e requalificá-lo.

Tornar o frio uma mais-valia

O presidente da Câmara Municipal de Santa Cruz considera fundamental avançar com a recuperação do café existente dentro do Largo da Achada e propõe que sejam criados outros pequenos espaços comerciais como qualquer jardim tem, para que se torne um espaço útil, de lazer. Contudo, advertiu que “não se pode deixar de ter em conta o clima que a Camacha tem”. Por isso, defende que os referidos espaços comerciais sejam cafés ou outros possam ser apetrechados com aquecimentos de rua, com protecção e a gás, como existem nas cidades do norte. “A Camacha pode começar a usar a sua diferença de clima para merecer a atenção dos residentes da Madeira e dos visitantes”, salientou.

Casa do Povo potencia intercâmbios

A Câmara de Santa Cruz, juntamente com a Casa do Povo da Camacha procedeu a uma intervenção no edifício da referida instituição. O auditório foi transformado, tem capacidade para 150 pessoas sentadas. A autarquia está a apoiar no aproveitamento dos sótãos, para se poder aprofundar os intercâmbios entre os grupos. Dará para albergar 100 pessoas. Está a ser feita a recuperação do telhado.

Museu Maria Augusta Nóbrega

A Quinta da Camacha, que fica nos arredores da igreja matriz está a desenvolver um projecto de instalação do Museu Prof.ª Maria Augusta. A ideia já foi dada a conhecer à Câmara Municipal que se mostrou receptiva ao projecto. Este museu é um velho sonho de Maria Augusta Nóbrega que, durante toda a sua vida dedicou-se ao folclore e à cultura tradicional. A ideia é dispor naquele espaço de pequenas casas alusivas às actividades que eram tradicionais naquela freguesia desde a casa do lenhador, do picheleiro, do cavador, entre outros. Este projecto vai, juntamente, com a remodelação do Largo da Achada complementar as visitas que a autarquia pretende incrementar, cada vez mais, na Camacha.



Jornal da Madeira

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