domingo, 13 de setembro de 2009

Área florestada aumenta 583 ha em 10 anos

A Madeira está cada vez mais “verde” com o Governo Regional a apostar, fortemente, na reflorestação de algumas áreas que foram alvo de apascentação desregrada







Nos últimos 10 anos, a área florestada da Madeira aumentou 583,88 hectares, o que corresponde a uma percentagem de 1,8 por cento. Este aumento resultou, segundo disse ao JORNAL da MADEIRA, o director regional das Florestas, da procura do Governo Regional «em recuperar, expandir e preservar o património florestal da Região Autónoma da Madeira, através da concretização de diversos investimentos florestais, que conduzam não só à recuperação do coberto florestal das zonas mais degradadas como também à manutenção daquele que é o nosso Património e cujo reconhecimento internacional é inquestionável». Tudo isto, segundo Rocha da Silva, sem «dissociar a componente de lazer e usufruto dos espaços florestais pela população».
Estas intervenções revestem-se , segundo o director regional das Florestas, «de uma importância crucial para o desenvolvimento sustentável do nosso património florestal, quer pelo efectivo aumento das áreas florestadas, quer pela melhoria do património já existente através dos adensamentos e reconversão de espécies que do ponto de vista técnico são necessárias e adequados».

654 mil árvores nas áreas marcantes

O Paúl da Serra, as serras de Santo António, as Serras de São Roque e a ilha do Porto Santo têm sido, nesta matéria, e ainda conforme diz ao nosso jornal, o director regional das Florestas, « o rosto mais evidente deste esforço de aumento da área arborizada pelo facto de serem áreas onde os processos erosivos foram mais marcantes e onde até há bem pouco tempo a apascentação desregrada de cabras e ovelhas era uma realidade».
Nestes locais e a par da proibição da apascentação desregrada, a aquisição de terrenos e a constituição de protocolos com as Comissões de Levadas veio permitir a concretização de importantes trabalhos de florestação que se traduziram, como já se disse, no aumento da área florestada, tendo sido plantadas 654 mil e 538 árvores.

Tampão Verde ampliado


A Direcção Regional de Florestas ressalva o trabalho que «tem sido efectuado nas zonas altas do concelho do Funchal onde a constituição do Tampão Verde permitiu ao Governo Regional, através da propriedade ou Posse de um total de 8 592 345 metros quadrados, que brevemente virá a ser ampliado em 3. 326.580 metros quadrados».
Este aumento tem a ver com o processo de expropriação de 25 parcelas de terrenos florestais em curso nas serras de Santo António.
O Executivo madeirense quer assegurar a florestação e regeneração, a valorização florestal, a segurança das populações, e o reforço da gestão dos recursos hídricos numa área que ascenderá, desta forma, aos 11. 918. 925 metros quadrados, o que corresponde a um aumento de cerca de 3,7 por cento da área florestada da Ilha da Madeira.

Recuperação não se esgota nas arborizações

Em declarações prestadas ao JM, o director regional das Florestas faz questão de lembrar que a recuperação florestal de áreas outrora degradadas «não se esgota nas arborizações propriamente ditas». Ou seja, Rocha da Silva assegura que é também preocupação permanente do Governo Regional garantir que o Património existente perdura em boas condições fitossanitárias, razão pela qual foram realizadas intervenções, nos últimos 10 anos, em 391,95 hectares (cerca de 1,2 por cento da área florestada).
Por esta via, foi assegurado, segundo Rocha da Silva, «o sucesso das intervenções efectuadas no passado e a legação de um coberto florestal em boas condições para as gerações actuais e vindouras».

Terrenos agrícolas ocupam 15 por cento da área da Madeira

A floresta atinge os 43 por cento da área total da Região (834 mil e 224 hectares). Depois, existem mais 31 por cento de terrenos cobertos por matos e herbáceas 24 mil e 882 hectares). Os terrenos agrícolas ocupam 15 por cento e a área urbana é de só seis por cento. Estes números constam do Inventário que nos foi disponibilizado pela Direcção Regional das Florestas e que o JM já noticiou oportunamente.
Ainda segundo esse documento, a Madeira tem 17,667 milhões de árvores, 11,298 milhões dos quais pertencem à Laurissilva.
A Laurissilva ocupa quase metade da área florestal, com 47 por cento dessa área. A floresta cultivada sobe aos 48 por cento, com 16.522 hectares e há ainda a contabilizar 5 por cento de outras áreas arborizadas. A área ardida, segundo a DRF atinge apenas um por cento em cada um dos casos (cultivada e natural).
Dos 34.224 hectares de floresta, 16.143 (47 por cento) são de Laurissilva e ripícola, 16.522 hectares de floresta cultivada (48 por cento) e 1.559 hectares de outras áreas arborizadas (5 por cento).
Dentro da floresta cultivada, temos que 119 hectares (1 por cento) pertencem a área ardida e 44 (cerca de 0,33%) a zonas florestais de corte raso. A floresta cultivada é de mais de 16 mil hectares.
O eucalipto, com 6.222 hectares (38 por cento) e o pinheiro-bravo, com 6.178 hectares (37 por cento), são as espécies mais comuns na denominada floresta exótica.
As acácias ocupam 12 por cento dessa floresta, com 2.016 hectares, o castanheiro 4 por cento(607 hectares),outras folhosas 351 hectares (2 por cento.). Seis por cento da área é ocupada por outras resinosas.
Funchal e Câmara de Lobos têm mais área reservada a outros usos (entre os quais urbano), com seis por cento da área da Ilha da Madeira. Matos e herbáceas atingem os 4.191 hectares (5 por cento) e a floresta 3.691 hectares (5 por cento).
Machico e Santa Cruz já têm mais área de floresta (6.291 hectares, 8 por cento da área), a de matos ocupa 2.666 hectares (3 por cento) e a de outros usos, incluindo urbano, 4.632 hectares (6 por cento).
No norte, (São Vicente, Santana e Porto Moniz) 17 mil hectares (21 por cento) são de floresta, 4.444 de matos (6 por cento) e 4.187 de outros usos (5 por cento).
A oeste, Calheta, Ponta do Sol e Ribeira Brava dedicam 4.485 hectares (6 por cento) a outros usos, que não os florestais (6.888 hectares, 9 por cento) e matos (10.938 hectares, 14 por cento).
No Porto Santo, a floresta ocupa apenas 354 hectares, enquanto que a área de matos e herbáceas atinge os 2.542 hectares e a dedicada a outros usos 1.352 hectares.

Governo tem apostado nas áreas de lazer

Tendo em consideração que os trabalhos de recuperação das florestas só fazem sentido se tiverem em consideração a harmonização das práticas humanas com o meio, o Governo Regional, e ainda segundo o director regional das Florestas, tem procurado corresponder às solicitações criando condições para que a população possa usufruir das áreas florestais em segurança contribuindo de forma determinante para a sua preservação.
Deste modo, «têm sido e continuarão a ser criados espaços de lazer, nomeadamente espaços para a confecção de alimentos e demais infra-estruturas de apoio assim como percursos pedestres impulsionadores de práticas saudáveis», realça Rocha da Silva.
Ainda segundo aquele governante, estas intervenções «vêm assim de encontro ao que é tecnicamente assumido como um manancial de oportunidades proporcionado pela floresta onde aliado aos aproveitamentos tradicionais (regularização hídrica, captação de água, combate à erosão e material lenhoso) se associam todo um novo conjunto de aproveitamentos emergentes, nomeadamente os associados ao lazer e à paisagem».


Jornal da Madeira

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